quinta-feira, 22 de novembro de 2007

É como se matasse as saudades que tem de mim com as próprias lembranças.

Adios.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pensei ter o tempo. Todo o tempo do mundo, as coisas todas estavam sobre controle. Eu parei, olhei de perto e percebi que eu não o tinha, ele era quem me possuia. E agora eu venho aqui escrever-te isso, porque palavras não saem da minha boca, nada vem de mim. É outra que toma conta. Com o tempo ela foi, eu fiquei. Ninguém permanece, eu não sou diferente.

Olha, estou confusa em como começar, talvez seja tão difícil ler quanto escrever. Fato que estou decepcionada. Não sei ao certo com quem ou o que, mas aconteceu. Pode ser comigo, quem sabe sejamos nós ou seja só mais uma tempestade virginiana. Mas sabe, eu cansei de esperar o amor e continuar sozinha. Andar sozinha, tomar banho sozinha, dormir, comer, observar, rir, assistir tv, ouvir música, VIVER e estar vazia.

Eu sei, não deverias ser meu destinatário se meu problema é com o amor, teria então que escrever para ele. Porém, a única que conheço que remete-me ao tal problema, és tu. És a que me faz não pensar, que faz não doer mesmo sendo a dona da maior dor, que faz da saudade um sorriso e de mim incompleta. Haveria alguém mais certa para receber meus reclames?

Sei que meu maior problema é este "TE" tão grande que engole o meu "ME". Acontece que são partes e eu não vivo com uma apenas. A minha sempre sentiu-se solta e eu procurava olhos que me seguissem. Foi assim que aconteceu com teus olhos cor-de-menta com pontinhos cinzas. É quase um desenho quadriculado e eu enxergo cada cômodo da tua alma, eu enxerguei. Eu vi no reflexo todo o futuro e tive certeza que não duraria. Sabe, dane-se se o seu amor não quer vir ao meu encontro. O que me deixa aflita é não saber nada, embora venham tantas pistas. És um mistério, que eu gosto e tenho medo.

As vezes esqueço como é dormir. O maior problema nisso tudo é que não houve um beijo, um abraço ou uma despedida. Aconteceu e acabou. Eu sou toda sentimento. Sou completa até os ossos, tenho tudo o que quero. Mas me foge uma coisa. O que me falta é o sim.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Talvez o que me faça desistir, e querer-te novamente, é o fato de existir sempre mais, de ir sempre além. Dos mistérios, as vontades e as surpresas. Talvez seja porque a rotina tem me pegado de jeito e por isso, só por isso, eu tenha desistido um pouco.

Quero saber se tens lido o que eu escrevia, sempre sem assinaturas, apenas "da sua, sempre sua...". Continuo fazendo e te irritava tanto! Era eterno, foi, e acabou. Existe contigo a palavra eternidade? Algo aqui o é? Eu não consegui ver em teus olhos quando o amor deixou de sê-lo. Nem sempre foram pra ti os meus escritos, talvez tu saibas.

O vento ainda bate em minha janela, da forma que gostavas, deixando o quarto fresco. A chuva desvia do meu quarto sem cair uma gota nos vidros. Tenho lembrado muito. Teus cabelos ainda fazem parte da mobília. Eu reclamava deles, hoje sinto falta quando acho algum fio perdido pela sala.

Não tem o que entender, não sei como ninguém previu que o fim ia chegar, que não existe o final de dar borboletas no estômago, vontade viver, de querer comer as páginas dos livros pra sentir-se dentro da história, das letras, das palavras. Eu vi um "pra sempre" em nós, mas ficou.

Hoje eu parei. Parei por horas olhando pela janela, deitada, deixando a tv falar com as paredes. Enquanto eu lembrava, meus olhos sangravam. Derramaram cada pedaço de sentimento que restava em mim. Saíram deles gotas sem cor, sem vida. Tanto sentimento em algo que não me mostra nada, só molha.

Eu tenho medo de te olhar nos olhos como antes. Na verdade, nunca olhei por muito tempo. Não te disse, mas podem entrar em mim pelas pupilas. Tu nunca conseguias. Eu guardo o coração nos olhos, amor. A quanto tempo não te chamo assim. Jamais te chamei em voz.

Eu estou perdida em mim. Depois daquele dia, eu me perdi por entre as bulas de remédios. Estão todos ao lado da cama e não sei ao certo pra que servem, mas os tomo. Eu me perdi e queria saber se estás a salvo. Talvez eu esqueça o número do seu telefone e não ligue assim que me der vontade. Mas, por agora, eu só lembro de ti.



Boa noite, amor.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Este não é o final do fim dos fins. Um e dois e três e quatro e cinco finais... São tantos os caminhos e mais um acabou. Não tenho o porque reclamar. Não sei se guardo algo, se deixo tudo, lembro ou não. Nem difícil é.

Não venha chamar-me de insensível por não te entregar um coração. Se o fizesse, o que farias com ele além de pegar, segurar um pouco e depois largar por ai pra que se encontrasse em outras mãos?

Ah, amor, obrigada por gostar tanto, por querer tanto e até tentar. Perdoa-me se fiz com que perdesse tempo, não era a intenção. Agora que passou, ficou um pouco de ti em mim e um pouco de mim em ti. E isso basta, mas nada basta pra ti.

Venho a tempos procurando um encaixe perfeito. Dedos que se entrelaçam, línguas que se molham e corpos que se arrepiam. Quero olhos que doem quando se encontram e bocas que ardem quando beijam. Mas não me encontrei em ti, não agora.

O perfume continua pela sala, pela casa e até um pouco em minhas roupas. Vez ou outra sinto falta, não saudade. Com a mesma freqüência de tempo sinto alívio. Bom ou não, é tudo em mim e eu não sei o que se passa em ti.

Agora o frio e a chuva foram embora, amor. O sol voltou e eu ando impaciente pela rua sendo tão ímpar. Eu preferia o suor das noites, da cama, dos lençóis e tudo passou. A dor também vai passar.





Quero que o mundo, como eu, tenha um Cupido vesgo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Aos Amores

Bom dia, amor. Olha pra mim, não faz cara de nojo. A noite passada passou. Eu passei. Hoje é lembrança que fica, fixa mais que as boas.
Desculpa a letra torta e a caneta encarnada, não achei outra com a qual pudesse escrever. Continuas com a mania de guardar as falhadas ou sem tinta. Lembro-me do começo, nada mudou.

Olha, amor, quero que, acima de qualquer coisa, lembres do parque em que nos vimos. Da chuva que caiu no dia e também que não foi nem em um parque, nem de’baixo de água que nos encontramos pela primeira vez.

Veste esse casaco branco, te retira daqui. Dê-me as costas porque propostas não me colorem mais, amor. Tens a quem mais oferecer isso e aquilo e tudo que vem de ti como desculpa. Por que fizesse sentir-me tão culpada, partida a ponto de querer a morte por me ver tão impura? Como consegues ainda chorar na minha frente e pegar na minha mão?

Pega, amor, pega esses lírios, essas rosas e todas as vinte e quatro tulipas amarelas. Toma a cesta, os biscoitos e o bolo de manteiga. Engole teu chá envenenado de traição, tua saliva amarga e teu beijo seco. Junta tudo e leve até a menina da cidade vizinha. Leva contigo uma mecha do meu cabelo, um bilhete escrito em vermelho e um beijo rosado. Fecha os olhos, vira-te e sai. O trem parte em quinze minutos e não quero que fiques um a mais aqui.

Vê como chove de novo? O que te lembra? A primeira vez que nos vimos andávamos pela cidade, tu a cavalo, eu de pé descalço. Não chovia nem havia balanços. Era verde, tudo verde. Meu vestido arrastava a poeira no chão e meus cachos já escorriam pelas costas. Eu era nova, amor, e chovia dentro de mim. E tu tão branco e seco, nevavas.
Adeus, amor. Um beijo em tua testa e um aperto no peito. Obrigada por me fazer forte, por me secar por dentro. Desprendi-me da chuva, hoje floreio e talvez sinta falta, mas não sei se sofrerei. Amo-te.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

22/10/2007

Toma, aqui está a vida sem cor. Tudo de volta. O vazio, os tons e a inexistência. Inexistência de sentimentos que por ser tão sólida, me deixa sentimental.

Nos últimos dias tenho sentido uma vontade infinita de derramar rios de lágrimas. É um aperto, vácuo concreto dentro de mim. Eu não entendo. Pensei que, talvez, dessa vez eu conseguiria, porém continuo vazia.

Tenho tentado gostar, juro que me esforço. Quase que me bato para que essa indiferença saia de alguma forma, por algum poro, como uma impureza qualquer. Mas é em vão, eu sou vã.

Sinto-me feia e a TPM está longe de me servir como consolo. Estou do tamanho do mundo, um planeta sem magma, sem um pingo de calda ou recheio.

Por estar vazia, por não gostar de alguém, não deveria doer, mas dói. Tanto e ao mesmo tempo tão camuflado, escondido que eu não consigo sentir, ou chorar por isso.

Perdão complicar tanto. Não que eu não goste, eu gosto, porém me acostumei a ser eu, eu minha, sozinha. Sou auto-suficiente embora minha carência me consuma. Mas eu não a sinto também.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Sonhos.

Porque eu tenho a certeza que soluças como poucos, e ter certeza é raro.
Eu sei que teu riso é diferente, que teu carinho é de repente, que teu ciúme não é doente e que me tens como inerente.
Sei que me tomas todinha em letras de músicas e que lembras de mim como poucas outras.
Que de longe comentas e confudes meu nome e me chama de Amanda, Joana e Gertrude.
Me acolhes de manso com sorriso quieto, que me pegas entre os braços e me mimas, é certo.
Que me queres ao teu lado, dependente de mim. E que tua fala forte me deixa sem rir.

Me tens tanto que eu caio em prantos. E que vez ou outra desistes de ser um encanto.
Que de longe não és perfeita e mesmo assim, teimando, eu te faço vir.
Mas ter-te só minha não ei de conseguir. Vou vencendo o cansaço volto a te seguir.

Vais sempre na frente mandando-me fugir. Desvio o olhar, serpentes que enfeitiçam.
Há um medo, uma troca, um suborno. Coração comprado, errado, medonho.
Não entendes nem metade do que falo, tento te explicar, vai tudo pelo ralo.
Sou tão repelente, tão profunda, tão tua.
És são indiferente, nojenta, impura.

Então num escape, uma briga, que seja. Depois de um dia abro os botões da camiseta.
Deito ao teu lado, dou-te um beijo e um suspiro. Rezo pra que ainda queiras amar comigo.
N'outro dia desculpas, abraços sem fim. Tenho-te de volta toda pra mim.




Se sonhas e no sonho estás caindo, se chegares ao chão, morrerás.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Qualquer Um.

Exatamente um mes passado. Minha volta aqui não foi planejada. Já havia vindo aqui outras vezes e iniciado textos que, como esse, talvez eu desista de publicar ou terminar e acabe por apagar tudo.
Entre 30 dias muita coisa pode acontecer, ou nada. Fico no meio termo.
Tenho comido menos e perdido peso, talvez seja meu cérebro diminuindo. Me sinto mais burra, mais doce, menos racional, menos apaixonada e apaixonante. Menos gorda, menos baixa, mais procurada e mais feia. Menos Alice e mais Alice, tanto faz. Menos e mais e as vezes até um pouco equilibrada. É ai que eu estranho. Equilibrada, eu? Não!

Eu já fui modelada, massinha de modelar. Já fui encontrada e deixada. As vezes eu deixo e perco e choro e me sinto tão sensível aos meus erros.
Quando eu penso, me arrependo. Quando eu sigo eu sigo. As vezes até aprendo, por um ou dois minutos. Eu iludo, muito! E sou mais desiludida, ainda.

Não gosto de cama, prefiro o chão. Um chão fofo e cobertas quentes. Eu queria que o sol nascesse a noite. Eu gosto do sol, mas não de claridade, e do escuro. Eu tenho um caso com o frio, com o vento, e a chuva forte contra a janela e a cidade cheia também. Cheia de gente molhada correndo da água. E isso é música. Gosto de ser contraditória.

Cheiro de música e cor de amor. A Rita nem sorriso me levou e a Rosa... Ah!, a Rosa. E olha que nem violão eu tenho. Mas meu Doce. Ei, Doce!, você é minha. Minha e não desse ai.

É fato que mistura e confusão andam juntas e eu gosto as vezes, assim como me gosto. E "as vezes" é a expressão mais feia que já criaram, assim como "talvez" ou "tanto faz" e "qualquer um".

Mas tanto faz, que seja. Se é assim mesmo, o que é? Enfim, sós. Dessa vez eu cheguei ao fim sem desistir ou apagar. Ponto.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Que morra.

Foi agora, ainda a pouco. Não deveria doer, mas está doendo. E eu juro, consegui me controlar. Eu finjo tão bem que acabo acreditando. Eu até ri por aqui, assim, parecendo estar feliz por aquilo. Eu ri de verdade, não por dentro nem escrevendo. Eu dei um sorriso e foi ridículo. Agora eu sei como eu não gostei de te-lo feito, não gosto de coisas falsas.

Pode até estar sangrando, é como machucado antigo que se tira a casquinha. Voltou a sangrar e a doer e agora é mais um tempo até que crie outra casquinha. Talvez tenha complicações, nada demais. O tempo, é ele quem eu admiro e prezo. E como. Meu estômago chega a doer só em imaginar. Besteira qualquer, nem ligo mais.

Eu poderia cantar algo triste, escrever algo feio, xingar alguém e admitir muita coisa de novo. Mas, sabe?, não vale. Não existe muita coisa que valha. Na verdade eu tenho até medo das raridades de coisas que realmente fazem valer, por serem raras.
Eu sei que eu tenho um valor, é uma pena que só eu saiba. Não é alto, ou valioso. Nem lindo. Mas eu gosto do meu valor, ele é importante pra mim. Me faz melhor que muita gente. Me faz Bianca.

Eu voltei ao passado e encontrei de novo a menina mais doce do mundo. Ela passou por uma fase chata e feia e boba e... eu queria estrangular alguém. Mas agora ela voltou a ser doce. E não é só eu, é Louise também. Existem mais de uma em minha vida e eu as amo de formas diferentes. Eu vou vê-la em breve, espero. Apesar de esperar a mais de um ano.

Eu não queria encerrar, mas que termine então. Antes um texto do que uma vida. Por falar em vida, lembro do filme As Horas que vi final de semana: Alguém tem que morrer para darmos valor a vida. Que morra, então, a minha indecisão. O amor é uma arma, um veneno.

sábado, 26 de maio de 2007

Passado

Não entendo o fato de gostar doer. Já tentei encaixar milhões de motivos para que nada desse certo. Eu costumava ser errada, mas não tanto. E também desgostar e pronto, era assim até o fim.

Agora eu me vejo completamente enrolada em uma teia minha. Sendo desviada do caminho que ela tinha feito até mim e que agora a mesma destorce pra que eu nunca chegue.
É triste ser amiga e saber das meninas novas, das preferidas, das mais bonitas ou interessantes. Dar opinião sobre qualquer coisa que envolva relacionamento e saber que está tudo muito certo com o novo amor. Que o quase namoro está como nunca esteve, que o beijo nunca foi tão bom e o sexo... ah, o sexo. Que todos os dias de manhã não sou eu quem manda mensagens que te fazem rir, nem as recebo.

Sinto por mim que quando sei que algo saiu errado fico feliz e tenho uma pontinha de esperança que dói o dobro depois, quando sei que está tudo muito melhor que antes e que as brigas só serviram pra fortalecer.

Por eu amar tarde, por ser devagar e paciente demais com os meus sentimentos eu acabo por ficar pra trás. Analizar, recear, observar demais faz com que eu tenha atrasos preciosos e imperdoaveis. O medo de mim e da espectativa dos outros. A falta de amor. Não amor pra fora, amor por dentro.
Antes não sentia. Agora sinto demais e o que é demais nem sempre é bom. Machuca.

sábado, 19 de maio de 2007

Arrep... de repente.

Vou ser direta no primeiro parágrafo. Venho aqui hoje lhe fazer uma declaração. Eu admito: me arrependi. Sim, por quê não? Fiz isso e não foi uma vez, nem duas. Não se engane pensando que foram três ou quatro. Na verdade, eu perdi as contas de quantas vezes o fiz.

Já tive do tipo leve, médio ou tristemente forte. Leve, como o de ir a uma festa ou de dar algo a alguém que não mereceu (algo material). Ou forte como de não dar valor. Não à cousas, mas à gente. Pessoas, amigos ou amores. Partes de mim por quem eu sofro, baixinho, até hoje.

Não tenho um pingo de orgulho em dizer isso. Falo sério quando digo que deixei-o todo no freezer quando resolvi vir aqui escrever sobre arrependimentos.

Tenho que dizer também que as pessoas que deveriam ler isso, não lerão. São poucos os que eu indico a vir me ler e não sou um pingo conhecida para que as causas dos meus arrependimentos venham a saber da existencia deste texto ridículo que eu estou escrevendo.

Bem, está frio e eu não achei minhas luvas, portanto meus dedos continuam congelando e eu estou tremendo e escrevendo metade das coisas erradas. Uma noção do frio que eu sinto é que minhas unhas, de tão geladas, estão roxas!

Outra cousa é que eu estou especialmente confusa, tão confusa que chega a doer. Acho que gosto do mundo e vou casar com qualquer um. O primeiro a bater na porta. Mas no fundo eu queria viajar pra longe e resgatar rolinhos que valeram. Valeram muito.

Eu estou tão doentemente embaraçada que chega a ser doce. Qualquer pessoa que olhe pra mim enxerga a confusão. É exatamente a expressão de uma criança, assustada e desiludida, sem saber no que pensar quando o primo mais velho lhe conta que Papai Noel não existe. Tenho andado até meio vesga pelas ruas sem saber pra que lado ou pra quem olhar. Eu estou misturada em mim mesma, não encontro mais óleo e água.

Enfim, eu realmente queria que voltasse a ser como em setembro. Queria poder voltar no tempo e resolver os arrependimentos fazendo deles acertos. Talvez se ela lesse saberia que é pra ela.

sábado, 12 de maio de 2007

Só.

Minhas mãos estão gélidas. É este frio que entra pela janela do meu quarto agora, as duas da madrugada. Esse gelo que não me deixa pensar direito e que me endurece os sentimentos e os dedos. Essa ausência de presença que me faz tão triste.

Eu já quis supor companhia, se me faria mais feliz. Eu já pensei em alguma pessoa em especial ao meu lado. Mas e se o tempo a tornasse igual as outras? Se virasse rotina? A minha gata, a branca, dorme ao meu lado, em uma caminha vermelha. Ela me faz companhia, sempre. Por que ela não é como eu? Mesmo com todo esse frio ela está encolhida, em um sono ou um sonho profundo. Eu sei a profundidade porque já a chamei algumas vezes e ela não me dá bola.

Eu continuo com saudades do futuro que eu planejei. Quero que chegue logo a manhã morna, a tarde fria e a noite insuportavelmente congelante com luvas e gente. A gente, nós. Quero boas pessoas ao meu lado. Quero útil e agradável reunidos em um espaço.

Eu realmente tremo e temo a minha falta de personalidade. Minha vontade constante de mudar e de ser uma cousa só. Quero constância, elogios e algo mais. Talvez um carro e música. Depois, sair por ai sem olhar para os lados, cantando e andando devagar sem ter que ultrapassar nada, nem sentimentos.

Algumas pessoas acham amor fácil e outras que eu devo ser uma cousa só. Eu acho amor difícil e até gosto de ficar em cima do muro, não tenho medo de admitir essa minha indecisão, ela é segura demais. Eu, curta demais.

Eu fui fria, sou fria... mais que a noite de hoje. Comigo não se pode deixar janelas abertas e além disso tem de haver um aquecedor ligado no máximo. Não tolero e sou injusta, as vezes. Sou as vezes, já disse e quero que se acostumem com isso. Repito sempre pra tornar mais fácil a compreensão. Não chego a ser estranha, não sei o que sou.

Sou mistura e algumas poucas pessoas me fazem me sentir tão boa. Mas se fosse não estaria mal acompanhada de mim e só, e estou.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Crise!

Crise de pensamentos construtivos e criativos. Eu me enfiei em um sentimentalismo que não é meu. Há momentos em que eu sinto pena sentindo pena, entende? É de mim, dos outros. É complexo demais, não sei se a gramática me permite escrever do jeito que deve ser.

Andei pensando, pensando e apagando bastante! Eu tentei aceitar certas coisas que eu não tenho como aceitáveis e também tentei não ser livre, mas acabei não conseguindo. Eu sou o ser mais livre que existe, dentro de mim.

Eu posso gostar de quem eu quiser, usar a roupa que quiser, o cabelo da forma que quiser e o espelho me vê como eu quiser. Eu aceito a visita e as ligações de quem eu quiser, escuto e seleciono quem eu quiser. Sou livre? Não.

Queria que fosse mais fácil. Que gostasse de quem gosta de mim, não importando quem fosse ou como fosse. Sem nem saber como abraça, beija ou enrola. Mas não é. Nada é completo, tudo é em partes. Eu não preciso de outro que o faça, queria me completar sozinha. Eu ando perdida, as vezes.

É engraçado a forma como conhecemos e esquecemos pessoas. Algumas meninas do pré-escolar eu não lembro como eram. Na verdade eu não lembro nem das do ano passado. Eu poderia pensar que minha falta de memória é causada por remédios, drogas, bebidas, falta de exercícios ou de sexo. Acho que não.

Eu gosto quando me elogiam. O melhor de todos é quando chamam de inteligente. Depois eu paro, penso e começo a ter a pena que citei no começo. Não é de mim, mas também é. Tenho pena das pessoas que acham que ser bonita vale mais que ser inteligente. Eu não estou falando de ser esperto, existe diferença.

Algumas meninas são muito espertas! Recebem um elogio de um milionário, claro que ele usa o da beleza. Em seguida os dois vão para um motel cheio de luxos, rola uma bela foda e ela engravida. Pronto, ai está a esperteza, uma grande e gorda pensão.

Continuo preferindo minha inteligencia. Saio e passo despercebida quando estou de boca fechada. Paro em algum grupo conhecido e "tcharam"!, ali está a fulana mais notável do momento. Depois de um pouco de divertimento volto para casa, com elogios ganhos, sem estar grávida nem rica e passo mais nove meses da minha vida sem me preocupar com outra vida. Além do que, apesar de não ser uma das mais bonitas, sempre soube unir o útil ao agradável.

Enfim, as pessoas deveriam parar para rever seus conceitos. Existe muita gente por ai "mente aberta", mas devemos ver os limites dessa "abertura" toda.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Retalhos

Sei tão pouco de mim. Ando tão torta, mas tão doce. Tenho olhos fundos e calmos de profundos carinhos e amores. E tudo em mim tão lúdico. Uma beleza tão desilusória. Uma vontade tão forte. Um querer tão intenso. Vezes eu choro por não conseguir ser forte e passar por cima de mim pra fazer os outros felizes.

Eu queria conseguir pegar o coração de menininhas e faze-los novos. Porque me dói vê-las tão... e tão... E me dói me ver longe, atrás e igual. E na frente com tanta coisa pra resolver, pra lembrar e esquecer e tanto e tanta. Volta!

As vezes me dói ser doce. Me dói me importar. N'outras eu gosto. Eu gosto do seco. Eu tenho dó dos pequenos e mágoa dos grandes. E tenho coleção de amarguras e de raivas. Não confio em quem diz não ter ódio. Ninguém é tão vazio, ninguém é tão...

Eu olho para trás e vejo o mundo de pessoas que já me viram chorar e outras que choraram comigo. E os que foram causa e por estes eu sinto... alguma coisa. Eu já me apaixonei por alguém que me pisava. Eu já chorei pelo fato de ele me pisar. E eu chorei depois por ela me deixar, me amava tanto, por que? Eu canso e acho enjoados os meus desabafos.

Mais três retratos em branco e preto me maltratando. E os coloridos, o colorido. Nem meus olhos os tem. São dois bagos negros, com fundo branco marejados por um rio transparente. E meus cabelos negros e minha pele branca. E meu vestido e o vento. E um laço.

Um laço vermelho que me amarra a ti. Um laço fino e suave e sensível. Um laço quase invisível. Desfeito. E um papel de presentes com palavras e nanquim. É tudo tão impossível pra mim que eu não tento.

Meus beijos são confortáveis, meus braços são seguros e meu coração não segura nada. Meu coração tem feridas abertas e buracos mal fechados que deixam escapar quem tentar nele entrar. É tão fácil achar defeito nos outros. Uns com tantos e eu com tão pouco.

Bom dia, te amo. Moro na esquina. Se precisares de açucar, dai-me um beijo que dou-te o doce. Dai-me o túnel, que sou a luz. E o problema, traga em bandeija que pra ti, tenho a solução.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Incoerente.

Eu sou uma que adoro escrever, principalmente cartas. E foi escrevendo cartas que eu reparei como é patético o começo delas. Eu nunca sei como começar. E a cada começo eu penso que não vai durar três linhas e, quando percebo, já foram três folhas.
Adoro os números ímpares, mas acho os pares mais bonitos. Ver casais de dois e mulheres de quatro. Não de quatro sexualmente falando, embora seja lindo. Mas de quatro quando eu falo de amor.

Sobre futuro, eu gosto de não saber o que vai acontecer. Ao mesmo tempo eu queria ver tudo e poder mudar o que fosse preciso. E poder escolher muita coisa e inverter tantas outras. Eu queria apagar algumas. Odeio o querer.

Antes eu me incomodava com coisas. Hoje as coisas estão gigantes e penso que elas podem vir a me engolir. Eu mal consigo dormir. Mas na verdade o que consome meu sono é o fato de eu ser uma coruja. Corujas são animais exóticos que quase ninguém gosta. Mas eu gosto de comparar meus problemas e meus "defeitos" com coisas. Eu me sinto, assim, muito maior que eles.

As vezes eu penso que se alguém estivesse comigo, meia parte ou parte e meia, eu seria melhor. Tudo seria melhor. Eu nem me importaria com a minha miopia, porque quem eu gostasse já estaria perto. E isso me daria conforto. Conforto é indispensável entre beijos e abraços.

Já vi que no mundo até a pessoa mais drogada pode arranjar alguém. A mais vazia e mais linda também. A mais loira, gostosa e burra. E a mais freak então... essas fazem sucesso. E eu não sou nada. Não sou loira, nem freak, nem gostosa, nem vazia ou drogada e muito menos linda. Mas eu sou, entende? E isso basta.
Bastaria se fosse eu quem escolhesse, mas quando eu era menor, ninguém me escolhia para o time de vôlei. Talvez meu trauma venha daí.
Eu não sou vazia, mas sinto um vazio enorme as vezes. Um vazio sentimental. E se eu grito tentando achar o vazio, vem um eco e um vento que derruba tudo.

Minha professora me ensinou a ter coerência, pegava no pé por culpa da bendita coerência. Hoje em dia eu descarto a porcaria da coerência. Eu escrevo e só.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Quem me achou aqui?

Bom dia perdido coração falido. Bom dia bocas e folhas. Péssimo dia à vocês e aos que colocam cedilha antes de "i" e "e".
Aos que tem pena de mim, minhas lágrimas. Essa vida que consola e estoura. Que costura e cola e emenda. Estou cansada de lamúrias e choros de vidas perfeitas demais. Estou cansada de tantos nãos e sins e incertezas. E dos amigos. Tão cansada de mim!

Em volta, em circulos, um labirinto em artérias. Te perde, pequena particula de éles. Éles, não eles. Éle de la, le, li, lo e lu.
Bom dia caixa de lembranças sangrentas de veias vermelhas. Salta, pula, toc toc? Quem me achou aqui? Bom dia perdido coração falido! Bom dia!
Sou voz no fundo, segundo plano, a outra. Durepox que preenche os espaços, as falhas que ela deixa a cada vez que enjoa e desiste de te ver feliz, de ser feliz.

Alguém dentro de mim importa-se comigo. O triste é não querer o que ninguém quis e ser, assim, tão apagadinha. Porque eu busco o que ninguém vê em mim. Vez ou outra, nem eu.

Eu me preocupo com o curso que a vida vai tomar e com o que eu ainda não escolhi. Com a física e química que eu deixei de aprender ano passado. E me sinto burra por não ter ido todos os dias à aula e ter prestado atenção. E me sinto mais burra ainda por ter me apaixonado por ti. E ainda, por persistir no erro.

Chato é o fato de eu não ficar com alguém por não gostar do beijo e teimar em escolher palavras corretas e coerentes. E o pior é exigir isso dos outros também e me fazer de surda com a ignorância.
Eu queria ser duas e me amar. E ter coragem e dinheiro pra te ligar toda hora. E certeza de que, quando soubesse que era eu ligando, irias abrir um sorriso doce. Mas assim, enveneno-me.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

no mundo quem ficou.

Escrevi algumas coisas, alguém apagou ou eu mesma o fiz. Tenho mania de apagar tudo e me sinto estranha por as vezes tentar apagar lembranças e o pior, por lembrar mais do que eu desejo esquecer.
Eu penso que eu queria mudar, de humor ou de lugar e de idéia. E as vezes desejo morrer um pouquinho. Mas eu não sei quanto esse "pouquinho" duraria. Seria bom se morrer fosse apagar. E se apagar fosse esquecer. Mas é eterno, tanto a morte quanto as lembranças.

Quando deito, sem sono, fecho os olhos e lembro de um guarda-roupas com um urso de pelúcia rosa com um arco-íris na barriga que eu tinha quando era menor. E eu não sei se é paz, mas firmando naquela imagem eu consigo buscar um pouco de areia aos olhos e o sono me vem. Mas isso só acontece vez ou outra. E quando eu quero parar de lembrar do que eu quero esquecer, eu penso no mesmo ursinho, rosa. Porque é quando eu deito que eu lembro.

Oi, amor. Te trouxe uma carta, nela existem apenas 2 frases. Dentro de cada letra estou eu, dentro de mim estamos nós. Dentro de nós, você.
Ela que ainda insiste em me mandar mensagens e me acordar. Não me deixa dormir, me chama e me pergunta. Que passou, que tem acesso e fica. Quem de presente me ensinou a não amar. Que me pegou na mão, todinha. Me tem na mão. Ela não vai, nunca. Se não foi ainda.

E eu fico aqui, falando com o mundo e olhando nos olhos, bem fundo, esperando que alguém perceba que sou refém e me salve, sem que eu precise pedir, só com um olhar assustado de desespero.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Oi, tudo bem?

Vou fazer como alguém e, em linhas mal traçadas, escrever qualquer coisa sobre qualquer sentimento que vem de qualquer lugar e acaba no dedão do pé.

Minha avó dizia que dores mudam de lugar procurando espaço para sair. Os sentimentos têm pensado sériamente em fazer o mesmo. As vezes some, desaparece e uma semana depois que nota-se e "cadê?". Existe quem goste de usar tanto aspas como eu? É essa falta de palavras que me cabe tão bem. Essa falta de tudo e de pouco. Porque tudo em mim tem sido pouco. Passa a ser muito quando algo cessar. Algo, não sei o que.

"Oi, tudo bem? Algo sobre mim?
Sabe, eu gosto de letras e sons e de cores e tons. Na verdade eu prefiro o preto e as vezes o branco. Sério? Você também? Mas olha, eu não deixo de gostar de cores.
Eu gosto de criança. Mas como o branco, só as vezes. E ler. Você gosta de ler? Eu adoro! Gasto mais com livros do que com maquiagem.
Ah!, eu sou pequena mas insisto em não usar salto, só quando sinto muita vontade. Bem, loiras não são minhas preferidas e eu não ligo muito para as esqueléticas.
Ah, os cantores? Isso, estes mesmos, temos algo em comum!
Adoro café e gosto de chá. Receber flores e cartas e cartões. E dar beijos e abraços, firmes, fortes, gratos. Eu não beijo todo mundo e não saio sempre. Eu realmente sou uma pessoa bem "as vezes".
Gosto de consolar choros e de concordar quando vejo que quem gosto está na TPM. E eu nem me importo com isso, eu dou carinho.
Quase esqueci que odeio sapato que aperta e cabelo quando arma.
Na cama? Comigo não existe essa coisa, sou metade de tudo. Fico por cima e por baixo, isso não é problema.
Gosto de balas mastigáveis e gemidos.
Não sofro mais, já sofri por ex durante meses, mas passou. Sou livre. Já não espero, a cada vez que saio, encontrar ela."


Seria perfeito alguém assim. Tão perfeito que eu não sei que reação. Talvez eu saisse correndo, fugiria dando qualquer desculpa. Ou talvez eu me odiaria tanto por ter encontrado alguém perfeito. Eu teria vontade de esmagar, tanto que depois eu não sei. Eu não sei nem agora. Não sei se teria vontade.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Bilhetes.

Eu tenho algo a dizer, tenho palavras entaladas por todos os cantos e até risos e soluços abafados. Tenho medos e vontades. As vontades escondidas à vontade. Tenho desejos em cada parte do corpo, em fios de cabelo e perfumes. Tenho saudade da presença.

Quero dizer que não te conheço e se um dia vir a conhecer... Não importa minha respiração ofegante. Agora a música que eu ouvia e parecia eterna virou segundos e eu mal prestei atenção na letra como fazia. Passou rápido o tempo.

Escrever cartas sem destino é o que tenho feito. Se o destino me leva a escrever para alguém um dia... talvez tu espere longas cartas. Quem sabe até recebas minhas cartas imaginárias escritas em minhas folhas decoradas sem eu saber. Um dia, ao me encontrar, perguntarás se a letra é minha e eu direi, envergonhada, que sim.

Ao lê-las pode alguém vir achar que é besteira, mas palavras escritas nunca são besteiras. As ditas são mais, e passam. As escritas só apagam com o tempo, demoram mais. Deve ser o sentimento entregue a cada consoante e vogal colocadas lado a lado formando minhas perguntas. Mais alguma? Talvez.

Restam apenas dois cigarros dos quatro que, ao errar a conta, pensei serem 3.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Escrevo de um bar.

Eu aqui e ela na mesa ao lado, vestida de preto. Posso levantar e me aproximar. Ela olha, sorri enquanto eu sinto frio. Não imagina que eu escreva certas coisas pra ela.
Talvez ela nem sorria pra mim e eu, tola que sou, aqui, sorrindo de volta. Baixando a cabeça tentando esconder as bochechas coradas. Sorrindo de lado, desviando o olhar.

Certa vez, no carnaval, eu a vi tão perto que meu coração pulou. Ela estava cheia de gente, de alegria. Mal olhava pros lados, mas meus olhos me puxaram à ela. No outro dia mesmo eu fui embora. Eu e meu um metro e meio. Ela não sabe que à conheço desde os quatorze.

Eu sentada na mesa do bar, fumando um cigarro, disfarçando o meu interesse nas suas vestes pretas, no baton vermelho, nas unhas curtas e no cabelo arrumado. Querendo poder sentar ao lado e falar sobre livros, cigarros, whisky's, amores e dores. Desta vez ela estava vazia, sozinha. Mas ela brilhava muito mais que outro dia. Talvez tristeza a deixe mais bonita... Um momento e comecei preferir à ela "feia".

Ela não chora, nunca chora. Ela escreve e pinta e só. Ela escreve sobre alguém, para alguém. Tudo o que arruma no papel tem destinatário, sem remetente. Ela não sabe que nos parecemos nisso. Não imagina que eu faça a mesma coisa. Ela suspira enquanto escreve, mas não chora.

O que nos afasta tanto é o implorar por beleza. Ela externa, eu interna.
Ela gosta das coisas vivas, do que se sobressai, que pode ser desejo dos outros.
Eu gosto de carinho, sentimento, vontade, desejo.
Ela quer imagem, cabelos e corpo.
Eu quero olhos, pele, toque, beijos.

Pronta para o enterro do amor. Ela se levantou e eu a observei. Ela não é do tipo que olha para trás.
Eu estava ao fundo. Fosse em um de meus sonhos, eu estaria na entrada, ela ao fundo e, quando fosse passar por mim, me deixaria um bilhete num guardanapo com seu telefone e um beijo. Mas não era.
Eu guardei cada detalhe. Cada delicado passo lento e desejei com todas as minhas forças que ela voltasse pra se despedir 'num beijo. Quando voltei a abrir os olhos ela havia virado a esquina e eu me encontrei, novamente sozinha, em um bar.

quinta-feira, 22 de março de 2007

mo-LE

Talvez eu esteja buscando esperanças fantasiadas de areia em meio a uma praia. Mesmo que eu veja que tudo, tudo escorre entre as mãos, pode existir um filtro que não te deixe escapar. Quem sabe eu queira te prender pra mim. Quem sabe?

Mesmo que eu diga não, se não olhar fixo pode ter certeza, é sim. Eu sou carente até a última taça de vinho, se me permitir até o último gole. Sou fraca para a bebida. Mentira, sou fraca para tantas coisas. Vinho é só e-xr-ótico.

Eu joguei fora a única coisa que não se encontra em liquidação nesta época, um coração. Amor já. Mas as lentes de aumento estão em promoção, talvez uma me ajude a encontrar na areia o amor camuflado de grão.

Sou caracol. Besta, pequeno e mole caracol. Quem me vê de fora tem nojo de mim, alguns medo. Alguns me comem, meu sentimento é lixo. Comem e jogam minha casca fora, minha casa. Sempre quando os vejo chegar perto me escondo dentro dela. E perto de ti, teu ego tão grande, eu mal respiro. Eu simplesmente me encolho e te deixo evitar. É puro desprezo, o troco bem dado. Pago caro, dei uma nota de cem e recebo um troco grande, mas não alto.

Do tipo que se leva pra um canto, passa uma conversa e acorda no outro dia em território estranho. Toda semana é um diferente. Minha mãe sempre disse pra eu dormir cedo, mas eu gosto da noite, do difícil e, às vezes, do fácil. Gosto de ter dona.

Eu sou um umano sem h, sou mulhe sem r e sou completa com um in.

terça-feira, 13 de março de 2007

M.

Hoje o dia amanheceu... triste e sem reação. Deveria ser um dia como eu, normal. Mas não, é impressionante como pequenas notícias que envolvem grandes nomes podem te matar um pouquinho.
Hoje um pedaço de mim morreu.

Já fazem cinco dias, no dia oito de março de dois mil e sete uma flor linda se desprendeu da árvore mas só fui avisada da missa do sétimo dia. Eu escrevo tremula. Os vitrais da minha janela estão secos. Se estivessem no meu coração já teriam se partido tamanho é o furacão que me atinge agora. Penso em mil e um motivos e abraços que eu fiquei de te dar.. palavras que eu podia ter dito. Mas eu só podia, eu não disse.

Meu choro envolve soluços, quem dera se soluços se transformassem em soluço(e)s. Eu sinto falta e dor, um aperto incomparável com qualquer um. Eu queria tanto poder tanta coisa. Tô tão confusa, imagino como tu devias estar.

Fica bem, minha menina doce do sorriso mais lindo.
Encontra teu caminho e faz dele luz, que sejas muito mais feliz do que fostes aqui.
Tu merece muito.

08/03/2007

domingo, 4 de março de 2007

avesso

Hoje o eclipse me tomou o tempo. Fiquei por horas, tonta, procurando a lua que se perdia em nuvens. Por fim, não vi a lua ser tomada por escuridão só pude avista-la quando já voltava seu brilho.

O céu da minha janela acompanha meu ritmo, anda cinza e sozinho, desacompanhado de estrelas. Outrora parecia tão amigável, bem acompanhado, cheio de pequenos pontos brilhantes por volta. A lua dançava radiante ao som de cadentes assovios. Ele clareava cedo e escurecia tarde.
Agora, apagado e sem ninguém, o céu chora todas as noites baixinho. Nas madrugadas, o pranto aumenta fazendo da solidão desespero. A lua só vai dormir às sete da manhã, quando o sol já bravo obriga ela a ir para a cama. Então, o dia clareia ainda nublado mas continua abafado sem poder contar seus segredos à ninguém.

Olho para baixo tentando achar algo que queira me ouvir. O telefone ainda toca, mas a ligação está cara, tudo muito rápido. As cartas que mando nunca recebem respostas. A não ser do meu Doce, ela não me deixa nunca.
A Doce mora longe, mas meu céu é o mesmo que o dela. O dela é mais gélido e tem mais estrelas, talvez. Porém não sei ainda o comprimento do seu cabelo nem a cor de seus olhos. Parte de tudo já tenho e ela já tem meu todo. Eu sei o endereço, o nome e o sobrenome.

Quando não consigo dormir procuro no vazio o escritor que reside em mim. Ele é mais velho e gosta de música calma. Me diz que escuta Adriana, Marisa, Enya e algo que tem Hermanos no nome. Ele deve ter por volta de 27 anos e me entende tão bem. Não tem nome e gosta de escrever cartas, mas eu não sei seu endereço. Só sei o comprimento dos seus cabelos e a cor dos seus olhos. Ele é uma das pessoas mais feias e nobres que conheço. Bela e Fera em um só corpo. E eu o amo, tanto...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

.onenevne

Se as vozes, que são como o teu amor inexistente, te pudessem contar a saga em busca de um sentimento teu por mim elas cansariam, ficariam roucas. Se os gritos dados e abafados nos travesseiros te pudessem traduzir cada lágrima, cada suspiro e cada angustia minha ao te ver com outra durante as noites, entre as músicas e perfumes misturados.
Se já passaram tantos corpos em meu corpo, tantas mãos em minhas mãos e tantas línguas em minha pele como posso eu ainda assim lembrar de ti? Existem tantas as quais eu já esqueci. Anoto nomes pra reler e não lembrar nem mesmo a cor do cabelo. E tu, tu que me machucas tanto eu lembro em cada detalhe.
Lembro beijos, lembro choros, lembro despedidas. Lembro não, não esqueço. E o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer, vontade sem manifesto. Não faço esforço pra lembrar, eu não esqueço.
Dentre todos os pensamentos tu és o primeiro. Tantas as esperanças, tu sobrevive. Todas as vontades, meu desejo eu peco em te querer.
E tantos os desafios e tantas paredes e quartos e não e nada. Eu olho da janela a cidade em movimento e eu parada esperando que tudo aconteça sem que eu precise me mover. Tentando entender a movimentação de cada ser e penso se alguma alma que perdeu a sua procura alguém, em uma janela de hotel. Tento gritar em busca de um "eu", não consigo. Meu eu que poderia ser preenchido já foi levado de mim, em partes. São corações, em quatro ou de quatro.

Eu ainda não entendo o que me testa ou o que me confunde. Alguém que não quer machucar, mas já sou total sem coração por dilacerado que é este. Machuco sem sentir, embolorado por medo, dilacerado por dissabor, envenenado por desamor.