segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

.onenevne

Se as vozes, que são como o teu amor inexistente, te pudessem contar a saga em busca de um sentimento teu por mim elas cansariam, ficariam roucas. Se os gritos dados e abafados nos travesseiros te pudessem traduzir cada lágrima, cada suspiro e cada angustia minha ao te ver com outra durante as noites, entre as músicas e perfumes misturados.
Se já passaram tantos corpos em meu corpo, tantas mãos em minhas mãos e tantas línguas em minha pele como posso eu ainda assim lembrar de ti? Existem tantas as quais eu já esqueci. Anoto nomes pra reler e não lembrar nem mesmo a cor do cabelo. E tu, tu que me machucas tanto eu lembro em cada detalhe.
Lembro beijos, lembro choros, lembro despedidas. Lembro não, não esqueço. E o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer, vontade sem manifesto. Não faço esforço pra lembrar, eu não esqueço.
Dentre todos os pensamentos tu és o primeiro. Tantas as esperanças, tu sobrevive. Todas as vontades, meu desejo eu peco em te querer.
E tantos os desafios e tantas paredes e quartos e não e nada. Eu olho da janela a cidade em movimento e eu parada esperando que tudo aconteça sem que eu precise me mover. Tentando entender a movimentação de cada ser e penso se alguma alma que perdeu a sua procura alguém, em uma janela de hotel. Tento gritar em busca de um "eu", não consigo. Meu eu que poderia ser preenchido já foi levado de mim, em partes. São corações, em quatro ou de quatro.

Eu ainda não entendo o que me testa ou o que me confunde. Alguém que não quer machucar, mas já sou total sem coração por dilacerado que é este. Machuco sem sentir, embolorado por medo, dilacerado por dissabor, envenenado por desamor.